Celebridades

Lobby dos estúdios de cinema teve de iPod a livro de culinária

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A disputa acirrada e imprevisível da 85ª edição do Oscar fez com que os estúdios não poupassem dólares para promover seus filmes, numa corrida turbinada por festas, propagandas e presentes ousados. Tudo para chamar a atenção e ganhar a simpatia dos 5.856 votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Entre os mimos que os eleitores receberam estão um iPod com músicas de "Os Miseráveis", quatro livros de luxo de "Lincoln", incluindo um de receitas da época da Guerra Civil, um arco e flecha da animação "Valente" e uma cadeira de Sacha Gervasi, diretor de "Hitchcock", indicado ao prêmio de maquiagem.

"A cada ano, as campanhas pelo Oscar ficam maiores. E neste ano estão particularmente caóticas", disse o especialista em prêmios do semanário "Hollywood Reporter", Scott Feinberg.

"Não havia um favorito claro até há pouco tempo e ainda há categorias em aberto. Então todo mundo achou que tinha chance e resolveu apostar, tirar vantagem de qualquer oportunidade. Ficou agressivo."

Enquanto ainda há dúvidas sobre quem deve vencer roteiro adaptado, atriz, ator coadjuvante e animação, "Argo" lidera as apostas para faturar melhor filme --ainda que tenha só sete indicações, contra 12 de "Lincoln"-- já que arrematou os principais prêmios da temporada.

No geral, para a crítica, além da qualidade do trabalho e da temática simpática a Hollywood, o fato de Ben Affleck ter sido esnobado na categoria de direção criou uma "compaixão" entre os seus pares, aumentando as suas chances. Algo que campanha nenhuma seria capaz de fazer.


FORTUNA

Afinal, dinheiro não compra tudo, nem Oscar. E, se os estúdios exageram na gastança, o tiro pode sair pela culatra e rebelar os votantes.

"Harvey Weinstein gastou uma fortuna recentemente com 'O Lado Bom da Vida', mas nada se compara com o que a Disney está colocando em 'Lincoln' ou a Warner em 'Argo'", comentou Pete Hammond, colunista de prêmios do influente blog "Deadline Hollywood".

Segundo o jornal "Los Angeles Times", as duas empresas estão desembolsando cada uma o equivalente a R$ 20 milhões em suas estratégias, levando executivos da indústria a acreditar que este é o ano mais caro da história das campanhas de Oscar, além de o mais disputado.

Hammond notou que nunca foram organizadas tantas festas e almoços com possíveis concorrentes antes do anúncio dos indicados, em 10 de janeiro. Depois do anúncio, a Academia limita o número de convescotes.

Mas não há restrições à publicidade, e jornais locais transbordam de anúncios "para sua consideração". Uma página inteira no semanário "Variety" chega a custar R$ 160 mil, enquanto um outdoor num ponto nobre da cidade ultrapassa os R$ 400 mil. Os custos também incluem transporte e hotel para os artistas entre Nova York e Los Angeles, e eventos em hotéis cinco estrelas.

Não seria muita surpresa ver "O Lado Bom da Vida", que concorre a oito estatuetas, dominando a noite de hoje, já que a comédia dramática tem por trás o poderoso e experiente Weinstein, arquiteto da campanha dos últimos dois vencedores do Oscar, "O Artista" (2011) e "O Discurso do Rei" (2010).

O americano responsável pelas quatro indicações ao Oscar de "Cidade de Deus" em 2004 costuma colocar seus artistas numa maratona intensiva de entrevistas na mídia, aparições em exibições dos filmes para o público e festas da indústria.

"Os atores e diretores ficam mentalmente e fisicamente esgotados. Mas, se ganharem no final, vão achar que valeu a pena e vão agradecê-lo", diz Feinberg. "Não é à toa que ele tem fama de aparecer mais que Deus nos discursos de agradecimento."

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