Celebridades

Aos 22, vencedora do Globo de Ouro é uma das favoritas ao Oscar de melhor atriz

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Jennifer Lawrence conseguiu, em três anos, duas indicações ao Oscar de melhor atriz graças a filmes de baixo orçamento. No intervalo, virou a heroína mais rentável da história do cinema de ação com um blockbuster futurístico que desbancou Angelina Jolie e sua Lara Croft nas bilheterias.

Tamanho prestígio parece não afetar a atriz americana de 22 anos, que boceja e diz palavrões sem cerimônia durante a entrevista, além de fazer piadas arriscadas sobre suas colegas de profissão. Ela está maquiada e de vestido preto curto, afundada na poltrona de um quarto de hotel, com seus pés, de salto alto, esticados num pufe.

"Fico mais confortável no cinema independente", diz ela, indicada pela primeira vez à estatueta dourada pelo drama "Inverno da Alma" (2010), feito com R$ 4 milhões. Ou 20 vezes menos que "Jogos Vorazes" (2012), adaptação para o cinema da primeira parte da trilogia escrita por Suzanne Collins, que ela estrela no papel da heroína Katniss Everdeen. O segundo filme da série será lançado no final deste ano.


"Num filme independente, tudo gira em torno da história, e não se fala tanto em trailer ou em dinheiro", continua. "E tem essa sensação incrível de fazer algo pequeno e torcer para que alguém se interesse."

No "pequeno" mais recente, a comédia romântica "O Lado Bom da Vida", que estreia no próximo dia 8, não só a crítica se interessou mas também os membros da Academia de

Artes e Ciências Cinematográficas, que deram oito indicações ao longa, incluindo melhor filme, direção e atuação para os quatro atores principais.

Ela acaba de ganhar o Globo de Ouro, em que disputava o prêmio de melhor atriz com Meryl Streep ("Um Divã para Dois"). "Bati Meryl", comemorou no palco. A piada não caiu muito bem entre críticos mais conservadores.

No Oscar, que será entregue no dia 24, concorre com Jessica Chastain, 35 ("A Hora Mais Escura"), Naomi Watts, 44 ("O Impossível"), Quvenzhané Wallis, 9 ("Indomável Sonhadora"), e Emmanuelle Riva, 85 ("Amor"), --estas duas últimas a mais nova e a mais velha a receber uma indicação na história do prêmio.

MENINA MALUQUINHA

O atrevimento no Globo de Ouro foi só o começo. No programa de TV semanal "Saturday Night Life", a atriz foi além e provocou também as colegas de Oscar. Não poupou nem a pequena Quvenzhané. "O alfabeto ligou e pediu suas letras de volta", disse. "Sabe o que mais é impossível?", perguntou, fazendo referência ao nome do filme de Naomi Watts. "Você ganhar de mim na noite do Oscar."

A irreverência faz parte de sua personalidade, mas há quem ache que os comentários possam atrapalhar suas chances de ganhar o prêmio, consideradas bastante altas. Numa entrevista recente para uma revista local, falou o que pensa desta seriedade da indústria.

"Tenho consciência de toda a merda que rola em Hollywood", disse à "Entertainment Weekly". "Todo mundo desfila no alto de seus cavalos e acha que está curando o câncer. Isso me deixa muito desconfortável. Quero ir na direção oposta."


Em "O Lado Bom da Vida", Jennifer é Tiffany, uma jovem viúva viciada em sexo que força uma amizade com o personagem de Bradley Cooper, Pat Solitano. Morando com os pais (Robert De Niro e Jacki Weaver), Pat acaba de sair de um hospital psiquiátrico depois de quase matar o amante da ex-mulher ao pegá-los transando. Tiffany o convence a participar de um concurso de dança em troca de informações sobre a ex, que ele quer reconquistar, mas de quem é proibido por lei de chegar perto.

"Tiffany é minha primeira personagem que eu não entendia, era um mistério para mim", diz. "Comecei o trabalho e só aí passei a entendê-la mais. Ela é um espírito livre, comete um erro atrás do outro, mas acha um jeito de fazer as pazes com os problemas." Mais complicado foi aprender a dançar. "Sou péssima. Dançar foi muito mais difícil do que o arco e flecha de 'Jogos Vorazes'. Mas treinamos muito e, no fim, fomos espontâneos e nos divertimos muito."

O entrosamento com seu parceiro de cena é óbvio nas telas e nas entregas de prêmios, alimentando as especulações de que estariam namorando.

Bradley terminou o namoro com Zoe Saldana (de "Avatar"), e Jennifer desmanchou com Nicholas Hoult, que conheceu no set de "X-Men: Primeira Classe" (2011).

Recentemente, Bradley e Jennifer filmaram juntos de novo, em Praga, o romance "Serena" (estreia em setembro).

CERVEJA E AÇÃO

Ao contrário da novata de dois anos atrás, que perdeu praticamente todos os troféus para Natalie Portman e seu "Cisne Negro", Jennifer se diz mais relaxada para se divertir nas festas e demonstra animação extra para aproveitar a abundância etílica (agora, ela é maior de 21 anos, idade mínima para beber nos Estados Unidos).

"Quando tinha 20 anos, tudo era assustador, me intimidava", lembra. "Hoje, estou mais tranquila, cresci um pouco e acho que posso controlar melhor o que sai da minha boca nas entrevistas no tapete vermelho."

Jennifer nasceu em 15 de agosto de 1990, em Louisville, no Estado do Kentucky. Aos 14, depois de participar de peças de teatro da escola, convenceu os pais de que queria passar um tempo em Nova York procurando trabalho como atriz. Nunca mais voltou a estudar.

Crédito: Inez Van Lamsweerde e Vinoodh Matadin
Aos 22 anos, a atriz Jennifer Lawrence ganhou o Globo de Ouro e é uma das favoritas ao Oscar de melhor atriz

Seu primeiro papel importante no cinema aconteceu ao lado de Charlize Theron, no drama "Vidas que se Cruzam" (2008), de Guillermo Arriaga (de "Babel" e "21 Gramas"). O filme não fez sucesso. Sua sorte mudou em 2010, quando protagonizou "Inverno da Alma", como uma adolescente durona que precisa cuidar sozinha dos irmãos e enfrentar traficantes de drogas para conseguir achar seu pai desaparecido. Aqui, foi oficialmente "descoberta" por público, crítica e, principalmente, pelos produtores e diretores de Hollywood.

Hoje em dia, tem assistente pessoal e guarda-costas para se proteger dos paparazzi. "Cheguei a me arrepender da fama. No começo, é terrível ter um monte de caras te seguindo. Mas aprendi a lidar um pouco melhor com tudo isso. Não me arrependo mais", diz.

Depois do Oscar e de todas as premiações e festas de Hollywood que acontecem até o final de fevereiro, Jennifer volta a filmar, desta vez um blockbuster. Ela roda "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido", com estreia prevista para 2014, na qual revive a mutante azul Mystique. "Pensei que, com os avanços da tecnologia, eu me livraria das horas e horas de tintura no corpo. Mas não, continua tudo igual", afirma, demonstrando certa impaciência.

No fim do ano, participa do lançamento de "Jogos Vorazes: Em Chamas", que estreia no Brasil em novembro, sequência do filme que arrecadou US$ 690 milhões nas bilheterias, duas vezes o que faturou "Lara Croft: Tomb Raider" (2001). Na distopia futurística, a personagem de Jennifer, vencedora de uma batalha mortal televisionada, prepara-se para mais uma competição, agora só entre os ganhadores do passado.

"Um blockbuster é como um filme de baixo orçamento até chegar às cenas de ação. Aí, fica tudo diferente, e eu reclamo que não vou conseguir", ri.

Fazer parte de duas franquias ao mesmo tempo e ainda disputar o Oscar pela segunda vez é uma proeza com a qual a maioria das atrizes de Hollywood só pode sonhar.


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